Alteraciones neurocognitivas asociadas a niveles de hiperhomocisteinemia y disminución de los niveles del factor neurotrófico derivado del cerebro (BDNF) en pacientes bipolares

  1. Dias, Vasco Luis de Castro Videira Veiga
Dirixida por:
  1. Florencio Vicente Castro Director

Universidade de defensa: Universidad de Extremadura

Fecha de defensa: 09 de novembro de 2009

Tribunal:
  1. Giorgo Soro Presidente/a
  2. David Padilla Góngora Secretario/a
  3. María Isabel Fajardo Caldera Vogal
  4. Susana Sánchez Herrera Vogal
  5. Francisco Ramos Campos Vogal

Tipo: Tese

Teseo: 282957 DIALNET

Resumo

A doença bipolar (DB) é uma doença mental crónica, de base genética e neuroquímica, caracterizada por episódios afectivos que alternam entre a (hipo)mania ou estados mistos, a depressão e a eutimia, que afecta 1-3% da população. Objectivos: Caracterizar o funcionamento neurocognitivo em doentes bipolares (dB) eutímicos e a sua relação com o funcionamento psicossocial, bem como com marcadores biológicos, nomeadamente os Homocisteina (Hcy) e factor neurotrófico cerebral (BDNF). Métodos: Administrou-se uma bateria neuropsicológica extensa a 65 dB tipo I eutimicos e 50 controlos saudáveis para avaliar os domínios da atenção e controlo mental, velocidade de processamento, funções executivas, fluência e abstracção verbal, atenção visuo-espacial e memória. Os níveis no soro de Hcy, foram doseados através de um método HPLC de quimiolumenescencia, e os níveis de BDNF através de um método de método de ensaio imunossorvente ligado por enzimas. Resultados: Os dB apresentaram significativamente piores desempenhos em 11 de 16 testes neurocognitivos comparativamente aos controlos, especialmente nos domínios da memória verbal e funções executivas, com effect-sizes moderados a grandes, mesmo após controlo para a escolaridade e sintomatologia afectiva. Os dB apresentaram pontuações significativamente inferiores numa medida de funcionamento psicossocial, que se correlacionou com o desempenho cognitivo em todos os testes. Não encontramos diferenças significativas nos níveis de Hcy ou de BDNF entre os dB e os controlos, mas os dB do sexo masculino apresentavam homocisteinémia mais elevadas que as mulheres (p=0.009). Os dB mais velhos, com idade de início da doença mais tardio, e os doentes que tomavam maior número de medicamentos, apresentavam níveis mais elevados de Hcy, mas não encontramos qualquer associação com o funcionamento psicossocial. Os níveis de BDNF associaram-se significativamente à duração da doença e ao número de episódios, apenas nas mulheres. Os níveis de BDNF eram mais baixos em doentes medicados com antipsicóticos e/ou lítio, e mais elevados em doentes medicados com valproato e/ou antidepressivos. Os dB com níveis de Hcy elevados apresentaram desempenhos cognitivos significativamente piores comparativamente aos controlos, contudo, num modelo de regressão linear, a Hcy não se revelou factor predictor do desempenho neurocognitivo em qualquer teste. Para além disso, os níveis de BDNF associaram-se significativamente a uma medida de fluência verbal, nos dB e nos controlos. Conclusões: Os dB tipo I apresentam défices cognitivos globais mesmo nas fases de eutimia, sobretudo nos domínios de memória verbal e funções executivas, que se correlacionam com o funcionamento psicossocial. A hiperhomocisteinémia poderá ter um papel na fisiopatologia nos défices cognitivos da DB, sobretudo em doentes mais velhos e com início da doença mais tardio. Os níveis de BDNF parecem normalizar durante a eutímia, não estando aparentemente associados aos défices cognitivos que estes doentes apresentam.