Teoria de Resposta ao ItemRepresentação e utilidade do modelo logístico de traço latente na psicometria actual

  1. Pacheco Miguel, José Manuel
Dirigida por:
  1. José Manuel Tomás da Silva Director/a
  2. Gerardo Prieto Adánez Codirector

Universidad de defensa: Universidade de Coimbra

Fecha de defensa: 01 de diciembre de 2013

Tipo: Tesis

Resumen

Enquadramento O modelo de Rasch é o modelo mais simples da teoria de resposta ao item (TRI) e constitui uma abordagem potencialmente útil ao nível da construção e refinamento psicométrico de instrumentos de avaliação psicológica. Trata-se de um modelo logístico de um parâmetro da TRI no qual a quantidade de traço latente existente na pessoa e a quantidade do mesmo traço latente reflectido nos vários itens do instrumento podem ser estimados de forma independente e comparados directamente entre si, uma vez que sujeitos e itens foram medidos numa mesma métrica comum, a escala logit. Esta, definida em unidades de probabilidades logarítmicas, é uma escala intervalar na qual a unidade dos intervalos entre as localizações conjuntas pessoas-itens têm um valor ou um significado consistente. O objectivo da presente dissertação visou a apresentação das potencialidades do modelo de Rasch, comparativamente à abordagem da teoria clássica dos testes (TCT), quando aplicado ao caso específico de instrumentos de avaliação psicológica que recorrem a itens politómicos aos quais os sujeitos respondem numa escala do tipo de Likert, designado Rating Scale Model (RSM). Metodologia Para concretizar este objectivo, relativo à aplicação do Rasch RSM, foram conduzidos quatro estudos psicométricos com amostras independentes de alunos do ensino secundário. O primeiro estudo, com alunos do 12º ano de escolaridade (N = 265), foi realizado com a Career Decision Self-Efficacy Scale — Short Form (CDSESF). No segundo e terceiro estudos, com alunos dos 10º, 11º e 12º anos de escolaridade, procedeu-se à análise da Positive and Negative Affect Schedule (PANAS), numa abordagem TCT com recurso à análise factorial exploratória/confirmatória (AFE/AFC) (N = 528) e à modelação Rasch (N = 519), respectivamente. Finalmente, no quarto e último estudo, também com alunos dos 10º, 11º e 12º anos de escolaridade (N = 508), fez-se a análise Rasch da Rosenberg Self-Esteem Scale (RSES). Em cada um dos estudos, para além das medidas dos itens, foram ainda recolhidos dados para caracterização sociodemográfica das amostras. Resultados Dos resultados obtidos, salientam-se aqueles que se revestem de maior importância para os objectivos estipulados. No âmbito dos três estudos realizados com o Rasch RSM, os resultados alcançados permitiram reunir evidência psicométrica que corrobora, para a CDSE-SF, a PANAS e a RSES a respectiva: (1) validade de conteúdo (i.e., o bom ajustamento dos dados ao modelo permitiu que a parametrização dos sujeitos e a calibração dos itens tenha sido feita com elevada precisão na); (2) validade estrutural (i.e., unidimensionalidade e ausência de DIF), e (3) validade substantiva (i.e., as categorias da escala de resposta funcionam de forma adequada). Os resultados do único estudo baseado na TCT, com a PANAS, revelaram dificuldade de ajustamento do modelo aos dados que só parcialmente conseguiram replicar a estrutura factorial original do instrumento. Conclusões Os resultados sugerem que o RSM proporciona um quadro de referência útil para o refinamento psicométrico dos instrumentos de avaliação psicológica. Da sua aplicação resulta que, no caso específico das versões Portuguesas da CDSE-SF, da PANAS e da RSES, os seus respectivos itens são representativos e relevantes para os domínios dos construtos avaliados (e.g., validade de conteúdo), têm correspondência com os construtos definidos em cada um dos instrumentos (e.g., validade estrutural) e são avaliados através de escalas de resposta cujo diagnóstico ao funcionamento empírico das respectivas categorias revelou adequação das mesmas (e.g., validade substantiva).