Poesía y galantería en la comunidad interliteraria peninsular. Edición crítica y estudio del arte de galantería (1670) de D. Francisco de Portugal

  1. Andrés Llamero, María Isabel
Dirigida por:
  1. Pedro Enmanuel Rosa Grincho Serra Director/a

Universidad de defensa: Universidad de Salamanca

Fecha de defensa: 12 de diciembre de 2023

Tribunal:
  1. Javier Francisco San José Lera Presidente
  2. Pedro Álvarez Cifuentes Secretario/a
  3. Aude Plagnard Vocal

Tipo: Tesis

Teseo: 828939 DIALNET

Resumen

A presente investigação, conducente à obtenção do grau de doutor, intitulada Poesia y galantería en la comunidad interliteraria peninsular. Edición crítica y estudio del Arte de Galantería (1670) de D. Francisco de Portugal, tem como principal objetivo dar a conhecer, através de uma edição crítica modernizada, dita obra. Este texto de D. Francisco de Portugal, ofrecido a las Damas de Palacio, no qual o nosso autor relata as suas experiências como galante na corte de Madrid - com a intenção de preencher uma lacuna que encontrou na obra de Castiglione - não é senão um manual de boas maneiras sobre o "serviço" amoroso, sobre o trato palaciano, - arte como artefacto "científico", compêndio de regras e códigos - que contém poesia em castelhano e português, bem como uma galeria de conselhos, anedotas e observações sobre os costumes da corte. Neste percurso que decidimos seguir, escolhemos a Arte de Galantería de D. Francisco de Portugal (1585-1632), por ser um dos escritores portugueses que escreveram em castelhano - fenómeno, o da literatura escrita em castelhano, que se desenvolveu entre os séculos XV e XVII e envolveu mais de 670 escritores e 1500 textos - cuja personalidade e valor literário justificam, por si só, a nossa atenção. Sabemos, por uma multiplicidade de notícias da época e por manuais de referência, que D. Francisco de Portugal não era um autor menor no início do século XVII, no panorama cultural e literário do seiscentismo português, período prolífico em que decorreu a sua vida. Faltava, pois, a nosso ver, uma lição que fornecesse um aparato crítico bem fundamentado e estendesse o olhar, de forma caleidoscópica, sobre o horizonte da época em que foi escrito, sobre o texto e sobre outros aspectos que se abrem sobre ele, como um estudo que enfatizasse a realidade do bilinguismo e do sistema interliterário em que o autor está imerso. Assim, a abordagem que propomos visa, entre outras coisas, uma aproximação às literaturas portuguesa e espanhola do Século de Ouro, a uma interculturalidade que tem merecido pouca atenção - salvo raras mas notáveis excepções - e que tem levado ao desconhecimento de um vasto património textual que é ignorado no seio de ambas as literaturas devido ao sentimento de não pertença. Interessa-nos descobrir esta faceta da história literária peninsular não só por toda a informação estética que a sua observação nos oferece, mas também pelo conhecimento que abre sobre um período linguístico e social complexo: não é que esta realidade ilustre uma época, senão que é uma época feita discurso. Neste sentido, a obra que é objeto deste trabalho, epifenómeno de uma literatura silenciada, oferece-nos uma visão muito relevante da realidade particular desses séculos, de uma cultura e de uma sociedade que se reflectem nas suas páginas. A Arte de Galanteria permite-nos também falar, de um ponto de vista literário, como o título indica, do vínculo entre poesia e galanteria, da sua complexa e interessante relação de proximidade e do papel desempenhado pelo verso no jogo cortês. Além disso, para além do seu interesse enquanto obra que nos permite descobrir o seu contexto de criação, a Arte estabelece um diálogo frutífero com os textos de outros autores com temáticas semelhantes, como o próprio Castiglione, Rodrigues Lobo ou Gracián. Este estudo pretende, portanto, contribuir para a revisão e superação de certas visões sobre as relações entre os dois países, através de uma leitura de Arte de Galantería que não só nos fale da história do livro, mas também da sua compreensão, e nos ofereça as chaves necessárias para desfrutar plenamente da obra e do seu valor.